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Dourada Grelhada com Salada de Pimentos e Batatas |
Uma parte boa de se viver fora do país de origem é ter a possibilidade de compreender e adotar novos costumes. Vou falar aqui de um comportamento que, por vezes, é mantido meio em segredo como se, revelar que "economizamos nas pequenas coisas" seria passar atestado público de pobre... Mas eu não me sinto assim e até orgulho-me de conquistar estes novos hábitos... Vou falar de coisas de Amélia, que envolvem cozinhar, lavar-louça, limpar e por na ponta do lápis os numerozinhos cá de casa.
Aqui não há empregadas a preço de banana e a gente tem que fazer tudo mesmo, senão o que eu ganho fora de casa, gasto tudo lá dentro... A única coisa que pago é pra ter uma "Senhora-de-Limpeza" 4 horas por semana.
Desde que vivo aqui, mudei muito dos meus hábitos alimentares e de consumo de mantimentos. A comida é cara e a conta do supermercado é um fator relevante no balanço mensal do orçamento familiar.
Não vou detalhar em números mas, no nosso caso, conseguimos
poupar entre 15 a 20% da nossa renda mensal seguindo algumas regras que fomos adotando intuitivamente com o tempo. Hoje nossa "conta de mercado", digamos assim, ocupa 20% do nosso orçamento quando, em comportamentos normais poderia chegar até aos 40%.
Vou primeiro explicar o que é um "comportamento normal" de uma família classe média:
- Os pais trabalham fora e tem por hábito tomar café com bolinho e almoçar no restaurante tipo "prato-feito"
- No mercado, escolhe-se por marca de preferência sem reparar muito nos preços
- Da-se preferência a produtos pré-preparados (Sucos, molhos, grãos pré-cozidos, carnes temperadas)
- Os lanches de escola são comprados em embalagens individuais (saquinhos de biscoitos e caixinhas de sumos de 200ml)
- Há desperdício semanal de produtos frescos que acabam no lixo (frutas, legumes, pães)
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Grãos com Legumes e Chouriço |
Bom, dá para imaginar o 100% de aumento no custo de alimentação, não dá?
O que eu faço, e gosto de fazê-lo porque liberto assim, de forma positiva, meus "espíritos controladores" é o seguinte:
Estou sempre atenta às promoções. Já peguei o jeito dos supermercados e o Jumbo, em especial, é minha fonte de abastecimento de produtos não perecíveis tipo: azeite, atum, papel higiêncio, toalhas de papel, sabão de roupa, amaciante, produtos de limpeza, etc... Eu compro em doses cavalares toda vez que eles fazem suas promoções relâmpago dando 60% de desconto. assim compro as marcas que gosto e pago muuuuuuito menos. É claro que é preciso ter previsão de dinheiro pra estas horas e eu tenho, ainda mais depois de calcular estes gastos no papel e me certificar de que a diferença anual é impressionante!!!
Outra questão tem a ver com o uso do congelador (freezer)... ele está lá, sempre ligado gastando energia, portanto, se está cheio ou vazio o custo fixo é o mesmo. Então, vamos enchê-lo e poupar tempo que eu também não sou Amélia.
Por exemplo, cozo um pacote de feijão inteiro, gasto a mesma quantidade de gás e tempo e sai uma feijoada, mais 2 doses pra congelar, mais algumas doses de feijão cozido para fazer arroz de feijão. (A quantidade similar em embalagens pré-cozidas custaria 10x mais)
Eu faço isso sempre que cozinho, do meu fogão, e do forno tb, habitualmente saem paneladas de frango ensopado, molho bolonhesa, molho de tomate, grão-de-bico, tudo...
E do nosso fiel-amigo, o bacalhau, o que dizer? É um gajo bom demais e português come bacalhau toda semana SIM.
Compro 1 bacalhau por mês. O preço do kg varia conforme o tamanho do bicho. E já cheguei a conclusão que o de tamanho médio serve-nos perfeitamente. Demolho o dito cujo e congelo as partes prontas a preparar... Há dezenas, arrisco dizer até centenas, de maneiras de comer bacalhau e, algumas delas são saborosíssimas e hiper-mega-econômicas. (vou postar as receitas com fotos no futuro)
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Arroz de Bacalhau |
Há ainda a eliminação dos lanches industrializados. Caixinhas de plástico (tipo tupperware) levam cereais, sanduiches, frutas e biscoitos pra escola e a bebida vai numa garrafinha linda que compramos.
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Garrafas SIGG |
Também nunca, nunquinha, encontrarão pães secos ou legumes podres no lixo lá de casa. O pão que sobra é congelado em fatias que vão direto pra torradeira e saem fresquinhos e estaladiços, assim como os legumes, que são congelados já lavados e cortados .
Quando a gente pega o hábito, não há quem nos demova... principalmente quando sobra mais dinheiro pra comprar coisinhas boas como roupas, sapatos e todas as futilidades que eu adoro.
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Açorda de Ameijoas |
Sem contar que há o "privilégio impagável" de saber exatamente aquilo que estamos comendo. O Jorge Miguel andava mal do fígado de tanto comer fora coisas que nunca sabemos da procedência, ou melhor, sabemos sim e fazemos questão de não pensar no assunto.
Eu sou "luxenta", só uso tomates e ovos biológicos/orgânicos, só compro frango do campo criado ao ar livre e as carnes são sempre de origem certificada, retiro todas as bolinhas de gordura dos enchidos, não bebemos nada que contenha fenilalanina e tudo é preparado com azeite virgem. Como diz meu pai: Pobre mas sempre cheia de pinta.
Concluíndo, a família portuguesa janta unida... o jantar é a hora do reencontro familiar diário e come-se comida salgada... Eu cozinho todo-santo-dia uma dose pra 4 pessoas... Eu e Jorge jantamos e, no dia seguinte, levamos pro trabalho a dose que sobrou da noite anterior.
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Massa com Lulas |
Paradoxalmente, apesar da economia portuguesa ser muito familiar, o que significa que as famílias costumam co-habitar nos mesmos espaços (Avós, pais, filhos, cunhados e papagaios todos vivendo na mesma casa), ainda não desenvolveram a "tecnologia da marmita"... eu fico pasma quando vejo o povo, que ganha salário mínimo, almoçando prato-feito no restaurante todos os dias.
Caramba, o salário mínimo são 500 euros e um prato-feito custa 5 euros.
Alguém precisa de ajuda pra fazer a conta?