Serra da Estrela

Brasileiro tem a ilusão de que quem vive fora "naseuropa" está perto de tudo e pode sair pra viajar sempre que quiser, afinal, está tudo alí tão pertinho. 

Eu pensava e pensei assim até algumas semanas depois de me mudar para cá.

Mudei de idéia assim que me dei conta de que a vida familiar cotidiana exige também nossos tempos livres para se manter saudável. 

Portanto, de muito em muito longe, uma vez lá, outra acolá, a gente consegue viabilizar a família e os interesses para dar umas voltinhas por aí.

E, no sábado, lá fomos nós cumprir a meta que tencionávamos desde o início deste inverno:  

Construir o "Getúlio" o nosso boneco de neve bonachão

A Serra da Estrela situa-se no centro de Portugal, a 250 km de distância do Porto.
Saímos de casa na hora em que conseguimos enfiar todos os apetrechos e pessoas dentro da viatura, o que foi qualquer coisa por voltas das 11 da manhã.

Ainda na auto-estrada e já cheios de fome, avistamos os primeiros picos brancos entretanto, paramos para almoçar e aquietar o estômago, num restaurante "bem honesto" na Covilhã, uma cidade típica portuguesa. Eu pedi bacalhau grelhado com morcela, acompanhado de migas.

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Depois pusemo-nos a estrada novamente, a partir da Covilhã, por mais 15 km, foi só começar a subir até os primeiros tapetes de neve se revelarem sobre as rochas e a paisagem mudar de cor.

No sábado, algumas estradas ainda estavam cortadas, por conta da neve que caiu durante a semana, mas nós não nos importamos e logo encontramos um espaço agradável para por em prática nosso plano.

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O "Getúlio", nosso caçula por um dia, nasceu após meia hora de escavação manual e alguns incidentes divertidos, enquanto enterrávamos os pés na neve por meio metro... Conseguimos ainda fazer uma guerra de bolas de neve e dar umas risadas geladas.

O J sentia-se a criança mais frustrada dos três, pois ele queria ver a temperatura negativa no termômetro do carro e teve que se consolar com uns meros 4ºC. Entretanto, esta temperatura alta foi a sorte das meninas, pois tivemos assim as condições necessárias para erguer nosso bonequinho com uma neve que ainda estava fofa e solta, debaixo de um céu que, por vezes, revelava-se azul.

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Após uma hora de brincadeiras estávamos super cansados e voltamos para a Covilhã comendo chocolate (miminho de férias), tomamos banho na piscina aquecida do hotel e jantamos, desta vez "bem mais honesto", um churrasquinho de cabrito acompanhado de batatas e esparregado (receita aqui).

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No domigo, voltamos a subir, desta vez acompanhados de uma familia de amigos. Apesar das estradas estarem todas abertas, durante a noite choveu muito, o que fez com que a neve já estivesse mais rija e endurecida. O céu azul também resolveu não acordar e, consequentemente, com outra condicão atmosférica, com mais umidade, mais gelo, mais névoa e mais frio, experenciamos outra espécie de imersão na neve.

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Foi então q o J começou a sorrir e dar o passeio por completo... enfim, a temperatura desceu e, apesar de termos conseguido brincar um pouco com os trenós, o melhor foi mergulhar naquele espaço branco e enevoado onde não vemos mais do que 10 metros a nossa frente e não distinguimos o chão do céu. É uma sensação super "claustrofóbica" e eu cheguei até a sentir-me tonta, mas ADOREI!

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Novamente famintos, e desta vez tb molhados, trocamos de roupa dentro do carro, almoçamos uma picanha grelhada com arroz de feijão (receita aqui) num restaurantezinho de beira-de-estrada que foi "uma maravilha".

Voltamos ao Porto relaxadinhos e prontos para recomeçar mais uma semana.

ATÉ A PRÓXIMA GETÚLIO!

Só para finalizar e eu não me esquecer:

Eu tenho que admitir, com um sorriso interno, que gosto da vida urbana e até me esforço por abandonar meu estilo "fashion-timberland" e adaptar-me a umas vestimentas mais adequadas a minha "pré-meia-idade" mas, todo este esforço se desfaz quando calço minhas botas todo-terreno e desengaveto meu guarda roupa rústico.

Neste último final de semana, algumas horas foram suficientes para recarregar a alma.
Ali, na Serra da Estrela, reencontrei meu elemento, meu ascendente e meus orixás.