Canja para Não Doentes

Adoro ir no talho aqui em Portugal. 

Não há momento de simpatia maior do que ouvir o talhante (açougueiro) a nos cumprimentar:

- Boa tarde menina... O que é que a menina deseja hoje?

Escolho o talho pelo tom do cumprimento :)

E assim foi, passei no talho, cumprimentei o talhante e comprei um frango do campo inteiro.

Os frangos do campo são bastante diferentes dos frangos de aviário, os animais são criados ao ar livre, o tempo de vida é maior, a carne é mais encorpada e o sabor mais intenso.

Pescoço, asinhas, coxinhas e partes da carcaça do peito - Tudo sem peles

Retirei as peles todas, guardei as partes maiores pra fazer um ensopado e, com as partes menores como o pescoço, asinhas e carcaças preparei um caldo base para, na sequencia, cozer a massa.

Não há muito o que se falar sobre canjas entretanto, acertar o ponto para aquilo ter sabor à vida e não a doença intestinal já é outra conversa.

Acho que o segredo está mesmo na qualidade da carne que se utiliza, pois nada mais há do que um  refogado de azeite, cebola e alho, água, sal e pimenta preta moída.

Aliás o segredo mesmo é não inventar. Há receitas que são fechadas, estão completas, e esta canjinha é uma delas. Há que ser feita sempre com os mesmos ingredientes, o que varia é a proporção e a qualidade dos mesmos.

Depois de cozer na pressão por 1/2 hora, retirei as carnes, desfiei as partes maiores e retornei-as a panela juntamente com a massa. Como não tinha em casa massa de formato pequeno, parti esparguete aos pedaços... Ninguém ria, aqui fala-se esparguete mesmo, levei muito tempo a me habituar!!!

Qualquer massa de tamanho pequeno pode ser utilizada (cotovelos, letras, estrelas, etc)

No final, depois de desligar o fogo, acrescento salsa somente para aromatizar.

Esta canja ficou muito saborosa, posso dizer que foi a melhor canja das canjas que fiz, apesar de ainda não ter atendido à expectativa do cliente. Jorge Miguel que é um fanático por canja diz que, há muitos anos atrás, comeu num restaurante uma canja inesquecível. Acreditem se puderem, mas eu estou há oito anos tentando chegar na tal da receita que supere a dita memória... Nunca, hein? :)))